O Tripé da Resiliência Cibernética

Latest Comments

Nenhum comentário para mostrar.
Tripe_Resiliencia_Digital_Netconsulting

O Tripé da Sobrevivência: Por que Pessoas, Processos e Tecnologia definem a sua Resiliência Cibernética

Estamos chegando ao final de 2025 com uma lição dura, porém clara, para o mercado corporativo brasileiro: o investimento isolado em tecnologia não comprou a segurança que muitos esperavam. Mesmo com orçamentos de TI recordes e a adoção massiva de Inteligência Artificial, o “Relatório Cost of a Data Breach 2025 da IBM” indicou que o custo médio de uma violação no Brasil saltou para R$ 7,19 milhões.

Por que empresas blindadas com os softwares mais caros do mercado continuam sendo paralisadas por ataques de ransomware ou vazamentos de dados?

A resposta, muitas vezes, reside no desequilíbrio de um framework clássico, mas frequentemente subestimado nas mesas de decisão estratégica: o tripé Pessoas, Processos e Tecnologia (PPT). Na Netconsulting, observamos que a Resiliência Cibernética a capacidade não apenas de defender, mas de resistir e recuperar a operação diante de um ataque depende inteiramente da harmonia entre esses três elementos. Se um pilar é fraco, a estrutura inteira colapsa.

Pessoas: O “Firewall Humano” Precisa de Atualização

Durante anos, tratamos o colaborador como o “elo mais fraco”. Em 2025, essa visão é obsoleta e perigosa. Com a ascensão de ataques baseados em GenAI e Deepfakes, a engenharia social tornou-se quase indistinguível da realidade.

  • O Desafio Estratégico: A tecnologia não consegue bloquear 100% das ameaças que exploram a psicologia humana. Se a cultura da empresa não respira segurança, o melhor firewall será contornado por um simples telefonema ou e-mail persuasivo.
  • O Fator Liderança: Dados recentes da PwC (Digital Trust Insights 2025) mostram que menos de 50% dos CISOs no Brasil estão envolvidos no planejamento estratégico. Isso gera um desalinhamento fatal. “Pessoas” no tripé PPT inclui, primordialmente, o C-Level. A liderança deve entender que a cibersegurança é um habilitador de negócios, não um bloqueador. Além disso, a gestão do *burnout* das equipes de defesa é vital; profissionais exaustos cometem erros que nenhuma IA pode corrigir.

Processos: A Governança como Diferencial

É comum vermos empresas adquirirem ferramentas de ponta para automatizar processos que, na raiz, são falhos ou inexistentes. Digitalizar um processo ruim apenas faz com que o erro ocorra com maior velocidade.

  • A Importância do BIA: A construção da resiliência começa muito antes da compra do software. Ela nasce no Business Impact Analysis (BIA). Sua organização sabe, com precisão, quais processos de negócio não podem parar e quanto tempo eles toleram de inatividade? Sem essa definição, a tecnologia é configurada às cegas.
  • Abordagem Taylor-Made: Não existe “receita de bolo” em governança. Cada empresa possui um apetite de risco e uma estrutura operacional única. Processos de resposta a incidentes e gestão de riscos de terceiros devem ser desenhados sob medida para a sua realidade, garantindo que, no momento da crise, o playbook funcione na prática, não apenas no papel.

Tecnologia: O Habilitador, Não o Salvador

A tecnologia é indispensável, mas deve ser vista como a ferramenta que *apoia* pessoas capacitadas executando processos validados.

  • Menos é Mais (Consolidação): A Gartner alertou fortemente este ano sobre o risco do “tool sprawl” , o acúmulo desordenado de ferramentas de segurança. A tendência para o final de 2025 e início de 2026 é a consolidação. Plataformas unificadas, que oferecem visibilidade ponta a ponta, são superiores a dezenas de soluções isoladas. Eu particularmente discordo deste ponto de vista, pois vocês devem lembrar do “Pato” aquele que quer fazer tudo e na hora do vamos ver acaba não fazendo nada bem. Na minha visão, precisamos entender quais as soluções que conseguem entregar mais, isto é, que são boas no que se propõe a fazer, e ter o desafio de fazer um projeto para integrá-las de forma que sua operação suba a régua da resiliência.
  • Arquitetura Moderna: A implementação de filosofias como Zero Trust (Confiança Zero) e SASE (Secure Access Service Edge) deixou de ser tendência para se tornar o padrão de infraestrutura resiliente. A tecnologia deve fornecer a automação necessária para conter ataques em velocidade de máquina, permitindo que o intelecto humano foque na estratégia e na mitigação de impactos.

Conclusão: O Equilíbrio é a Chave

Para o CEO moderno, a mensagem é direta: não delegue a resiliência cibernética apenas para o departamento de TI. A tecnologia é apenas uma perna do tripé. Sem investir na cultura das Pessoas e na maturidade dos Processos, o investimento tecnológico se torna um custo sem retorno garantido de proteção.

A verdadeira resiliência digital é construída quando esses três elementos operam em sintonia, sustentados por uma estratégia personalizada que entende o valor dos seus dados e a criticidade da sua operação. O futuro pertence às organizações que conseguem não apenas se defender, mas se adaptar e recuperar mais rápido que seus concorrentes.

Comments are closed